Quem é o lobo… mau?
O anúncio publicitário natalício Le Mal-Aimé (O Mal Amado) da cadeia francesa de hipermercados, também presente em Portugal, começa com a oferta de uma prenda de Natal, um peluche de lobo, que assusta uma criança. A representação de um lobo que, pela sua natureza e pela tradição literária, traduz o perigo e o mal.
A partir daqui, o anúncio opera uma deslocação decisiva, já que revisita o mito do lobo mau. Este não surge como verdadeiro predador, mas como um excluído, impedido de participar na comunidade dos habitantes da floresta. Aparece, depois, outro animal habituado a esconder-se numa bola de espinhos, o ouriço-cacheiro. É este que, corajosamente, diz ao lobo que não deveria comer todos os animais da floresta. A frase espoleta uma crise de consciência. Segue-se, por isso, uma espécie de travessia no deserto do lobo que passa fome por já não conseguir seguir os seus carnívoros hábitos alimentares. Percebe que não pode continuar a ser aquilo que a narrativa lhe reservou ao longo dos séculos. O lobo começa a cozinhar, não carne, mas vegetais. Aprende, falha, insiste e persiste. Desse processo nasce uma especialidade francesa icónica: uma quiche, que vai permitir integrar o lobo num convívio entre todos os animais da floresta.
É esta história arquetípica que comove, e que, desde o início de dezembro, tem circulado massivamente nas redes sociais, apelidado de fenómeno planetário, atravessando fronteiras culturais e acumulando vários milhões de visualizações em poucos dias. Os comentários repetem-se em várias línguas para elogiar a narrativa de animação, que tem sido destacada pela imprensa gálica como 100 % francesa e 100% humana (Le Figaro, J. Kedroff, 14/12/2025). Foi, no entanto, a........© Visão





















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