Esta Europa não é para crianças
Foi há cerca de 20 anos numa conferência na Gulbenkian. Não recordo o nome, mas sei que se tratava de debater questões de política internacional no século XXI.
Estavam presentes representantes de todo o mundo. A dada altura da sua apresentação, um dos participantes, americano, disse com todas as letras que o modelo da União Europeia era um projeto condenado ao fracasso, porquanto os diferentes países que a compunham nada tinham em comum e, pior, tinham um histórico de guerra entre si. Nem sequer partilhavam uma língua, enfatizava.
Na altura, aquela apresentação caiu-me mal. Uma coisa era um de nós, europeu, criticar a UE, outra era ser um americano a fazê-lo, pelo que me insurgi publicamente.
No entanto, e aqui onde possivelmente nenhum filho do tio Sam me lerá, não deixava de ter razão.
A União Europeia manietou-se na tentativa de criar um sistema próprio e único, baseado no entendimento total dos seus membros. O resultado está à vista: a obrigatoriedade duma unanimidade entre todos inviabiliza, entre outras questões, a existência duma política externa comum.
Em tempos normais, tal situação seria já bastante preocupante. Acontece que não vivemos tempos normais, pelo que, mais do que preocupante, torna-se agora perigosa e sobretudo contrária aos princípios que estiveram na base desta construção.
Os movimentos migratórios para a Europa são um dos temas que mais dividem os 27 países membros.
O Pacto de Migrações aprovado é uma nítida cedência às políticas restritivas da Hungria secundada pela Polónia e agora – pasme-se!........
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