Vale a pena lembrar do que a mente guardou de modo distorcido?
Imagina fazer uma retrospectiva de todos os acontecimentos da vida de um alcoólatra. Em muitas ocasiões os episódios se apagam, ficam no limbo da memória alcoólica. Recentemente li o livro "A Noite da Arma", do jornalista David Carr. Alcoólatra já em recuperação, ele resolveu contratar uma equipe para investigar sua própria vida.
Haja coragem para fazer isso. Fato é que ele descobriu muita coisa que sua memória registrara de modo equivocado. Ele e sua equipe procuraram amigos, conhecidos, donos de bares e assim foram reconstituindo a vida pregressa do autor.
Beber em excesso nos tira da realidade e cria um mundo que só é visto de verdade pelos outros que nos rodeiam. Perdemos a perspectiva de distinguir tudo. Sóbrios, resta a vontade de reparar os danos.
Reparações dirigidas àqueles que prejudicamos não é tarefa fácil justamente por que não sabemos muito bem o que fizemos e a proporção que isso tomou para o outro. Como posso me desculpar por algo de que não lembro ao certo como ocorreu? Aí entra a pesquisa do jornalista Carr. Saindo da ficção do mundo etílico, ele conseguiu aos........
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