Quando o reencontrei, pensei: eu sofri tanto por isso?
Eu já o conhecia havia um bom tempo. Frequentávamos o mesmo bar. Não éramos próximos mas fazíamos parte da mesma turma. O lugar era como eu gostava, aqueles botecos bem simples com cadeiras na calçada. Eu passava tanto tempo lá que sabia o nome de todos os garçons, o que tornava o ambiente ainda mais acolhedor. Podia até ter fila para entrar quando eu chegava, mas eu sempre conseguia um cantinho na mesa dos amigos.
Por volta das sete, assim que eu entrava, já começava a beber (às vezes já tinha comprado uma latinha no caminho). Ele sempre aparecia mais tarde, umas dez. Ou seja: uma Alice e três horas de álcool depois. Eu sou tímida, a bebida ajudava a amenizar um pouco. Percebia que ele me olhava de um jeito diferente, parecia que fazia uma graça de longe, às vezes gesticulava no ar como se estivesse brindando comigo olhando nos meus olhos. Eu correspondia mas já estava aérea, em plena bebedeira.
Ele era aquele coringa que sempre estava me cercando. De vez em quando tínhamos uma interação. Eu nunca fui boa de relacionamento amoroso. E depois que parei de beber a timidez voltou com tudo e eu passei a não frequentar tantos bares, festas, o que dificulta um pouco encontrar alguém. Esse lance da paquera que é tão gostoso pra muita gente não é nada fácil para mim. Eu não aguento esse tempo da espera. E isso faz parte do alcoolismo: a ansiedade de não saber aguardar. Então não sei jogar, não sei flertar e sempre perco a paciência e erro o tom. Quando bebia, meu relacionamento era com álcool e mais ninguém, era com ele que eu flertava.
Foram noites e madrugadas nesse bar. Muitas vezes eu queria ficar com ele, mas sempre acabava beijando outros caras, ou mesmo ficava mortinha de um jeito que ninguém me queria por perto. Bêbada de cair, sem condições pra........
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