No Carnaval, o sorriso nas fotos escondia uma batalha interna
Tentei parar de beber muitas vezes antes de levar a sério um programa de recuperação. No último ano da ativa, já muito solitária, fui internada mais de quatro vezes, e lembro bem da penúltima recaída.
Fazia uns seis meses que eu estava sem beber, levando uma vida mais ou menos. Nunca quis parar total, queria aprender a controlar a quantidade, o que tornava muito chato aguentar alguns dias-meses-anos sem o álcool, mas acalentando o momento em que eu poderia voltar com controle. Acreditava que se eu passasse um tempo sem beber, saberia lidar com a questão de uma forma melhor.
Lembrei disso quando vi uma fotografia minha fantasiada, sorridente, dessas memórias aleatórias que o celular manda pra gente. Não lembro exatamente como recaí, muitos registros se perdem com a doença. Mas sei exatamente que foi um pós-Carnaval, num mês de fevereiro. Logo depois daquela foto.
Eu sempre gostei de me fantasiar. Naquele ano, decidi enfrentar todas as folias sóbria, com a Martinha, uma amiga muito querida que não bebe nada quando está comigo e que adora Carnaval. Ela faz as fantasias, compra brilhos, tecidos, inventa moda. Tudo pra se divertir.
Naquele ano eu tive vontade de sair pelas ruas e encomendei uma saia de tule rosa, dessas bem de bailarina. Ficou lindíssima. Me acabei de pular e dançar em diversos blocos e festas pela cidade. Quando olho para o sorriso da........
© UOL
visit website