O que fazemos com nosso desamparo?
Freud já alertava para os efeitos psíquicos do desamparo do ser humano ao nascer. Basta comparar o bebê com um potro recém-parido para constatarmos que nossa jornada é repleta de perrengues. O que nos tornou tão vulneráveis, por outro lado, teria sido responsável pelos profundos vínculos entre nós e nos levado a desenvolver uma linguagem diferenciada.
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Todos os animais se comunicam, mas a nossa linguagem é baseada no equívoco e na polissemia, o que produz glória, mas também desgraça. Glória, pois nos obriga a ser poetas, e desgraça, pois nos condena à mais profunda incomunicabilidade. Essa tensão entre o impossível de comunicar —para nós mesmos e para o outro— e a necessidade imperiosa de tentar fazê-lo nos move.
O desamparo humano é inevitável, mas há formas piores e melhores de encará-lo. Ao contrário do que a vã filosofia neoliberal faz crer, não superamos o desamparo existencial acumulando bugigangas, sejam elas bens ou títulos. No máximo, podemos driblá-lo pontualmente por meios que vão da fé de que papai e mamãe garantiriam tudo à inesperada religiosidade do descrente diante da morte. Como diz o ditado: não há ateus em avião caindo.
Ajudar as crianças a lidarem com a falta de........
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