Correr para pausar outros corres
O corre não tem segredo. Quando penso nele, sei que o quer de mim: pressa. Seja qual for o contexto —e vários podem ser, a mensagem não faz curva. É o corre para resolver algum problema urgente que necessita de velocidade, de uma rapidez incomum e impaciente que só pode ser acompanhada pela agilidade dos que sabem o que é operar no modo sobrevivência. O corre paga, mas também cobra. Tira o sono, maltrata o corpo e cansa a mente.
Há quem faça o corre do trabalho, da escola, da faculdade, também o corre para ajudar amigos, levar um familiar ao hospital, levantar dinheiro rápido fazendo bico ou, nos mais infelizes casos, levar o dinheiro do outro rápido pelo caminho do furto ou roubo. São todos corres reais e, consequentemente, complexos, ainda que imersos na suposta mesmice dos dias comuns.
Certa vez, exausto depois de mais uma semana de corre e sem conseguir imaginar algo que pudesse me fazer lidar com a carga de estresse, busquei nas memórias primordiais algum mistério da infância que pudesse ser útil na adultidade. Tal qual um bom texto cuja introdução dialoga com a conclusão e ambas, numa dialética conversa para sintetizar o conteúdo, acham os caminhos para amarrar o saber, veio-me o verbo para a tudo dar origem e ação: correr.
Com as pontas dos pés, parecia ser possível........
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