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A literatura como o salto para escrever com os medos do ser, sem o medo de ser

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31.01.2024

Enquanto a chuva desaba do lado de fora, em seu quarto que só lhe cabe as ideias entre paredes apertadas sob o teto baixo da mente, o escritor se pergunta se a condição para bem escrever é o mal viver.

Se, realmente, como outros escritores e escritoras, jornalistas e críticos disseram por vezes: é o sofrimento elemento potente quando se trata de dar à escrita criatividade e profundidade, permitindo que o leitor integre uma atmosfera de vulnerabilidade que oscila entre a sutileza de tirar os pés da razão e o peso de firmá-los quando a realidade mostra que dela não se passa.

Além desta questão agulhando sua mente, também paira a preocupação com o telhado. A tempestade é o que é —forte. Se começar a entrar água em suas ideias, conseguirá não se molhar? Um medo —de tantos.

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Quando enchia cadernos, o hoje escritor ontem era apenas alguém que não sentia gosto em falar demais, relatar demais, oralizar desabafos com os outros. Próximos, distantes, medianos em suas relevâncias, mas sempre outros.

Ao misturar desilusões a anseios por quadros que retratassem o que via e sentia, apenas depositava nas folhas cores todas dos sentimentos que não compreendia. Juntas formavam o breu.

Daquela complicada relação entre o pensamento que se manifesta........

© UOL


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