A bondade dos ruins e a antivida como esmola
Há certas versões do ideal de vida comum construídas pela moral das pessoas autodeclaradas boas que despertam curiosidade para, então, o horror. Ao justificarem seus imperativos com concepções sobrenaturais e subjetivas —por vezes psicóticas, tais autores de multiversos onde paira solta a perversidade acreditam piamente que sua bondade é a solução definitiva. Porém, basta observar com os olhos dados pela terra os espelhos a forrar o céu que se percebe o elaborar da ilusão a produzir oposto reflexo. Então, o horror.
Os discursos recorrem à imaterialidade da existência para ganhar corpo e corpos. Fundamentam-se principalmente na ideia obsessiva da dicotomia entre o bem e o mal, besuntando de medo as carcaças de um povo a ser melhorado, conforme acreditam os ditos bons. Quando falam, amaciam o léxico, teatralizam o pragmatismo de seus planos e encenam o que virá a ser o grande final das suas obras em vida: a falsa sensação de que cumpriram sua missão e por isso serão recompensados. A falsa sensação de poder que o ganhar traz. E o que ganham, de fato?
Os bons dizem para que se exista sem viver —deseje, mas não experiencie; sinta, mas não expresse; procure, mas não ache. Para o seu bem, o outro não deve ser o que sabe de si e tenta aprimorar conforme o tempo lhe empurra os ponteiros. O outro deve........
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