Redes sociais distorcem instintos morais humanos e geram fadiga de empatia, diz estudo
Como já aconteceu algumas vezes nesta coluna, eu gostaria de começar com um item terminológico meio feioso, mas muito útil. Anote aí, por gentileza: "estímulo supernormal". O termo é usado em áreas como a psicologia ou o estudo do comportamento animal para designar um tipo de estímulo que imita o que podemos encontrar na natureza, mas cuja potência está muito acima do que é natural (daí o uso do prefixo "super").
Um exemplo gastronômico: frutas silvestres são um estímulo "normal" quando o assunto é açúcar. Por outro lado, um sorvete de morango com leite condensado definitivamente é um estímulo supernormal, feito para capturar nosso desejo natural de consumir coisas doces por meio de uma bomba calórica que uma planta seria fisiologicamente incapaz de produzir na natureza.
Ora, conforme argumenta um novo estudo, o mundo online pós-redes sociais funciona como um gigantesco combo de estímulos supernormais no que diz respeito aos instintos morais da nossa espécie. E o resultado pode muito bem ser o equivalente da diabetes (pensando, de novo, no leite condensado) para as noções de certo e errado de quem fica cronicamente enfiado na internet.
É uma perspectiva assustadora, concordo, mas há bons argumentos para enxergar a coisa nesses termos no trabalho recém-publicado por Jay Van Bavel, do Departamento de Psicologia da Universidade de Nova........
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