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A arte de fazer a pergunta certa

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31.01.2024

Desde os meus quatro anos de idade eu já queria ser professora. Minha mãe me colocou na escolinha e minha brincadeira preferida já era ensinar. Hoje percebo que não era uma mera brincadeira: eu ensinei de verdade crianças e adultos que não sabiam ler e escrever.

Aos 16 anos, comecei a escrever meus diários, hábito ou vício que tenho até hoje. Passei a registrar, todos os dias, meus pensamentos e observações cotidianas. Nunca ninguém leu o que escrevi, nem eu mesma. Meus diários são para ser escritos, não para ser lidos.

Foi quando passei a sonhar em ser escritora, só que logo percebi que seria um sonho impossível de realizar. Afinal, quantos brasileiros conseguem pagar suas contas só escrevendo?

Por mais que eu amasse escrever, minha prioridade era ser uma mulher independente, pagar minhas contas, morar sozinha, construir uma vida totalmente diferente da vida infeliz e miserável que a minha mãe teve.

Tive a sorte de ler "O Segundo Sexo" aos 16 anos, livro que abriu os caminhos da minha libertação. Simone de Beauvoir escreveu, em 1949, que a mulher independente —a mulher excepcional que luta pela sua autonomia econômica, social, psicológica e intelectual— estava apenas nascendo. E que as dificuldades são maiores para uma mulher livre porque ela escolheu a luta, não a resignação.

Para a filósofa existencialista, só com o trabalho a mulher poderia conquistar uma liberdade concreta, reconquistar sua transcendência e afirmar-se como........

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