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Autora reflete sobre reducionismo de movimentos 'woke'

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07.03.2024

Em palestra de 2022 sobre a atualidade do pensamento de Jean Améry, ensaísta austríaco de origem judia e sobrevivente do Holocausto, a filósofa Susan Neiman aborda algumas das questões que ela trata mais a fundo em seu novo livro, "A Esquerda Não É Woke" (2023), cujo lançamento no Brasil, pela editora Âyiné, está previsto para este mês.

Jean Améry tem me chamado a atenção desde a pandemia, quando descobri o seu ensaio em defesa do Iluminismo, texto já mencionado por mim em uma coluna sobre os eventos de 8 de janeiro de 2023.

Na ocasião, comentei como, apesar de haver sido sobrevivente de um dos maiores e mais terríveis crimes já cometidos e de reconhecer a fragilidade da razão ante o terror e a violência extrema —como ele bem descreve em "Nos Limites da Mente: Contemplações e Realidades de um Sobrevivente de Auschwitz" (1966)—, Améry também reconhece que, embora frágil, a razão permanece sendo a única defesa que possuímos contra a desumanização do homem pelo seu semelhante.

É justamente esse apelo à razão enquanto ferramenta de autocrítica, ou seja, enquanto algo que nos permite questionar os preconceitos da nossa época e vislumbrar qualquer possibilidade de progresso moral —tal qual almejavam alguns dos principais representantes do Iluminismo— que faz Susan Neiman recorrer a Améry em sua tentativa de analisar o que está em jogo quando insistimos em confundir ser de esquerda com ser "woke".

Segundo Neiman, a esquerda tem inspiração iluminista, sendo caracterizada pelo compromisso com o universalismo em detrimento do tribalismo,........

© UOL


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