O fim do ano que não acabou: por que a favela não pode esperar por 2026
Dezembro chega com aquele ritual nacional: retrospectiva, gráfico, prêmio, frases prontas. "Foi difícil, mas vencemos." "Ano que vem vai." No asfalto, o Brasil faz balanço. Na favela, a gente faz inventário de ausência. E o pior é que, pra nós, o fim do ano quase nunca significa fim de ciclo. Significa só mais um capítulo de um enredo que se repete: promessas que não viram obra, agenda que não vira política pública, visita que não vira permanência.
Dizem que 2025 passou. Pra favela, ele ainda não acabou.
Porque o que termina no calendário não termina no território. A água continua faltando. O trânsito continua o mesma. O transporte continua com suas dificuldades estruturais, e quem pega metrô da linha vermelha aqui em São Paulo, por exemplo sabe bem do que estou falando. A cultura continua sendo a primeira a ser cortada e a última a ser lembrada.
Milly Lacombe
Zico critica jornalista em vez de falar do caos de CT
PVC
Filipe Luís é tão iniciante quanto Guardiola em 2009
Sakamoto
No Brasil de Master, salário mínimo virou o vilão
Joyce Pascowitch
O coque desfeito de Bardot e a liberdade fora de lugar
E aí vem a frase confortável, com cara de planejamento, mas que muitas vezes é só adiamento: "vamos preparar pra 2026".
Só que 2026 não é um ano qualquer. 2026 é ano eleitoral. E quando o Brasil entra em ano eleitoral, o relógio da política muda, as prioridades mudam, e quase sempre o povo, principalmente quem mora nas periferias, vira cenário e não protagonista. A favela, que já vive sob urgência, não pode ser empurrada para um futuro em disputa.
Em ano eleitoral, a lógica do investimento público costuma mudar. Prefeituras, governos e Brasília passam a operar sob dois critérios que nem sempre se alinham com o que é necessário: visibilidade e conveniência. Alguns tentam quebrar essa escrita para guiar os orçamentos para as necessidades publicas independente do calendário eleitoral, mas, infelizmente para os cidadãos sendo apenas excessões reforçando a regra.
O que não dá voto vira "complexo demais". O que é estrutural vira "projeto piloto". O que exige continuidade vira "vamos ver depois". E o que é urgente, como saneamento, contenção de encosta, drenagem, regularização........





















Toi Staff
Sabine Sterk
Penny S. Tee
Gideon Levy
Waka Ikeda
Grant Arthur Gochin
Tarik Cyril Amar