A vida que eu nunca terei
Minha amiga Denise está em festa. A filha, Sofia, que quando nasceu os médicos olharam e, sem disfarce, falaram em coro, "iiiixi", acaba de passar em vários processos seletivos de universidades. Escolheu fazer letras numa instituição pública, mas também fará direito, no segundo semestre.
A garota fez toda aquela jornada do herói –à contragosto e com muito desgosto-- inerente às pessoas com deficiência. Com uma paralisia cerebral nível terra arrasada, começou tentando ter sobrevida, em seguida deu um jeito de ser criança "diferente" que o mundo pergunta sem parar "o que é que ela tem", para a mãe.
Foi se ajeitando em uma cadeira de rodas, após dezenas de cirurgias. Não falaria, falou. Não enxergaria, vê até estrelas. Não poderia, não chegaria, não conseguiria, não daria, nunca seria.
Um pouco mais tarde, começou uma aventura atrevida em busca de escola, veja só. E foi mais ou menos assim: "Não, aqui, nem pensar". "’Difinitivamente’, impossível aqui". "Mas para quê?", falaram aqui, ali e acolá.
Enfiando-se pelas frestas, Sofia, teimosa, seguia, entre solavancos na calçada,........
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