Precisamos acabar com a carrocracia em São Paulo
Escrevo para vocês de um lugar de privilégio: o banco de motorista do meu carro, onde achato as nádegas quase diariamente. Um lugar de privilégio, mas não tanto, já que o trânsito está parado a ponto de eu esboçar esta coluna.
De repente, a fila anda uns poucos metros e eu avisto, na minha lateral, o estádio do Pacaembu. Sob o espaço exíguo da marquise, se empilham dezenas de pessoas: crianças com bicicletas e patinetes, adultos bebendo cerveja, adolescentes conversando, um grupo de garotas dançando com um aparelho de som.
A praça Charles Miller, logo à frente da marquise, que funciona como estacionamento, está praticamente vazia, só uns poucos carros ocupando uma ou outra vaga. Perto dos veículos, o verde também não tem vez: só surge na grama das rótulas centrais, que parecem estar ali, antes de mais nada, para organizar o fluxo dos veículos. Árvores, só nas laterais. E não muitas.
Olhando para essa praça, que mais parece um latifúndio de asfalto, pintada com faixas brancas para a demarcação das vagas, tenho a percepção cristalina de que vivo em uma cidade feita para os carros e não para as pessoas. Fato que confirmo ao olhar para a rua bem asfaltada em que estou,........
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