Coisas que aprendi em cima do tapete
Escrevo para vocês a partir do meu corpo, esse imenso continente que eu julgava conhecer bem. Afinal, nunca deixei de explorá-lo. Fui bailarina até os vinte e poucos anos. Depois segui praticando vários tipos de dança, fazendo ginástica, andando de bike. Carregando filho, transando, trocando lâmpada —quantos músculos não acessamos no dia a dia?
Até que a pandemia chegou e, prestes a ficar doida, resolvi fazer ioga. Nunca imaginei que faria: sempre que via alguém passando com o tapetinho, pensava que não teria calma nem saco para fazer uma "coisa tão zen" —perceba de quantas coisas boas o preconceito é capaz de nos afastar. Ou quase afastar, porque ainda que ressabiada, eu fui.
Meio por acaso, acabei caindo numa vertente da ioga chamada Ashtanga. Uma das características mais marcantes dessa prática é que repetimos, todos os dias, a mesma sequência de posições –em ioguês: ásanas. À medida que vamos firmando cada uma, vamos avançando para outras, de forma que a prática segue sempre a mesma mas cada vez mais longa.
Essa repetição diária dos mesmos exercícios que, a princípio, me pareceu uma coisa chatíssima, se mostrou um negócio fascinante. A........
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