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O Coração Ainda Bate. O não dito

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16.09.2024

Tenho andado a pensar sobre aquilo que nos leva a desistir dos amigos. A amizade pode ser turbulenta como alguns voos: somos apanhados desprevenidos e vemo-nos sacudidos do nosso lugar. Do lugar que julgávamos ocupar no espaço dos outros. Afinal é sempre tudo uma questão de espaço. Andamos a lutar desde sempre por ele.

Quando aqui chegamos, ao momento em que somos capazes de desistir, as perguntas surgem muito mais claras do que as respostas: “Mas isto foi de repente?”, “Como é que isto (nos) aconteceu?”. Há sempre motivos, às vezes estão é muito escondidos: arrastaram-se durante anos, décadas. Um ligeiro desvio da meta de onde partimos e já não nos encontramos à chegada.

Os amigos podem ser terríveis quando começam a castigar-nos, porque, para eles, já não somos os mesmos (como podemos ser os mesmos de há 20 ou 30 anos?). Porque agora bebemos tinto e com eles éramos do branco. Porque fazemos coisas distintas do passado. Porque o reconhecimento não foi igual........

© PÚBLICO


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