O Coração Ainda Bate. Dias perfeitos
Lembro-me bem do tempo em que vivi sozinha, entre amores, ainda sem filhos e no fulgor dos 30 anos. O trabalho preenchia-me, como me continua a preencher, mas lembro-me de uma angústia chegar ao fim-de-semana, quando no ar pairava a incerteza de um jantar, de uma saída qualquer. Os amigos que namoravam, os outros que tinham família.
Há uma altura das nossas vidas em que não percebemos que temos tudo para ser felizes, independentemente de estarmos sozinhos ou acompanhados. Eu era capaz de ficar muitas vezes presa em casa, numa inércia por justificar, semelhante ao momento em que entramos no mar e tememos a temperatura da água. Há quem vá à água e desista. Há quem mergulhe sem pensar. As pessoas são diferentes e o tempo também nos fará diferentes à sua passagem.
Foi ali, muito no início do novo século: ficava em casa a desenhar um plano para os meus dias inúteis (por oposição à semana cheia) e muitas vezes dava por mim sem ter ouvido........
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