A magia do espírito natalício... e a nossa cumplicidade um genocídio
Mesmo sendo ateu, sempre adorei o Natal. Nós tornamo-nos pessoas diferentes, percebemos que as outras pessoas também estão diferentes, mais sensíveis, mais emotivas, com o coração mais aberto ao próximo, mesmo se desconhecido, e mais afáveis em pequenos e grande gestos.
Ao mesmo tempo, penso na verdadeira história de Jesus, a pessoa mais influente de sempre na humanidade – conquista essa, claro, confabulada por infinitos homens e mulheres ao longo de dois milénios, mas também, e acima de tudo, porque tudo o que sabemos da pessoa que ele foi é brutalmente inspirador, uma pessoa extremamente bondosa, abnegada, que lutou por: igualdade, empatia por quem sofre, tolerância pelos diferentes, perdão a quem nos fez mal (para mim uma das mensagens mais bonitas do cristianismo), e amor, muito, muito amor, como sendo, sem dúvida, a grande cura para todos os males, dedicada ao outro até ao último folgo.
Jesus nasceu em Belém e morreu em Jerusalém, são cidades reconhecidas pela ONU e por toda a comunidade internacional como sendo Palestina. Só Israel afirma, age, e obriga quem lá vai, a dizer que aquilo não é Palestina, mas sim Israel. Ninguém me contou. Aconteceu-me a mim. Na segurança do aeroporto à saída, em Tel Aviv, quando me perguntaram onde eu estive, e eu nomeei algumas cidades da Cisjordânia, como sendo Palestina. Obrigaram-me, ao ponto que se eu me recusasse a retirar a palavra “Palestina”, não me deixavam passar. Isto é retórica genocida.
Há cerca de 2 mil milhões de pessoas, em cerca de 160 países, que vivem num estado de alegria, família, harmonia, amor, bondade e compaixão, ao festejar o Natal. Mas aqueles que vivem onde nasceu, viveu e morreu Jesus estão a ser vítimas de genocídio.
Nada mais bonito no Natal do que ver o brilho nos olhos duma criança, quando pensa no Pai Natal a descer pela chaminé com uma alegria infinita, mesmo antes da explosão de emoções quando abre o tão sonhado presente.
Em Gaza, já foram........
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