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Escravatura a preto e branco

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09.05.2024

No centro de Luanda há uma estátua colossal da Rainha Njinga, que viveu entre os séculos XVI e XVII. É uma figura algo mítica, celebrada como um símbolo da luta pela liberdade e contra o imperialismo português.

Njinga era rainha do Mbundus, território dos Mbundus. O Marquês de Sade, em Philosophie dans le Boudouir, caracterizou-a como “a mais cruel das mulheres”, uma rainha que matava os amantes assim que se fartava deles e, “para satisfazer a sua alma feroz, se divertia fazendo em papa mulheres que engravidassem antes dos trinta anos.” (Esta e as seguintes são traduções minhas.)

Para melhor combater os portugueses, Njinga associou-se aos holandeses. Depois da derrota destes, celebrou com os primeiros um acordo de paz, por forma a manter-se rainha do Ndongo (o território dos Mbundus). Converteu-se ao cristianismo. Destruiu os ícones religiosos dos Mbundus, renunciou aos sacrifícios humanos e iniciou um programa vigoroso de construção de igrejas. Estas e outras histórias conta Linda Heywood num livro de 2012, Njinga of Angola: Africa’s Warrior Queen.

Durante um encontro com um governador português, Njinga recusou sentar‑se no chão para não ficar num nível inferior ao do seu interlocutor. Ordenou então a um escravo que se colocasse com as mãos e os joelhos no chão por forma a poder sentar-se nas suas costas. Este é o episódio mais popularizado de Njinga, já que simboliza a sua não submissão ao........

© PÚBLICO


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