Morte, Autópsia e Vida depois da Morte
Roland Barthes escreveu em 1968 um ensaio que chamou a atenção de vários críticos: “A Morte do Autor”, assinalando deste modo a chegada ao fim do tempo de vida do autor.
Os autores, tal como todos os homens, morrem. Depois da Idade Média, e na sequência do “empirismo inglês, (d)o racionalismo francês e (d)a fé pessoal da Reforma”, a sociedade descobriu o autor e quis atribuir-lhe um prestígio individual, concedendo maior importância à pessoa do autor. Esta posição em vigor até então podia fazer-nos cair num culto pessoal do autor, numa leitura exclusivamente biográfica e psicológica da sua obra, como se a imagem da cultura corrente da literatura (do tempo de Barthes) estivesse centrada no autor.
Barthes afirma que o desligamento do texto da sua origem faz com que o leitor possa ser livre e começar a viver: “a voz perde a sua origem, o autor entra na sua própria morte”. Barthes, e outros críticos, como Mallarmé, atribuem o lugar que tinha sido ocupado pelo autor à linguagem, sendo esta que “fala, não o autor” e assim devolve ao leitor o seu lugar. O narrador torna-se também uma figura desligada do autor – não é mais aquele que viu ou que sentiu. O autor “está para a sua obra na mesma relação de antecedência que um pai tem para com o seu filho”, é gerado por ele, mas não é sua propriedade. O “eu” que escreve deixa de ser uma pessoa e passa a ser um sujeito (gramatical).
As hipóstases, ou seja, as........
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