menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

O país que se esqueceu de acordar

3 1
08.12.2025

Aprendi a gostar das pequenas coisas. Não por simplismo, mas como forma de resistência a um mundo que parece tornar-se, dia após dia, mais complexo. “Aumentaram a idade da reforma; querem agora que um gajo trabalhe até morrer”, resmunga o homem ao balcão do café do meu bairro. Traz o escuro do cansaço à volta dos olhos, um inchaço permanente que assusta. Ele próprio parece assustado com aquilo que a vida ainda lhe reserva. Esta ansiedade tão portuguesa de querer resolver o futuro no presente.

Vivemos com a corda na garganta e habituámo-nos a este leve sabor a sangue na boca. Somos um povo sem forças para lutar pelos nossos direitos, não por ignorância histórica, mas porque, com a nossa baixa autoestima crónica, achamos sempre que merecemos menos do que realmente merecemos. E alguns, elites financeiras e patrões,........

© Observador