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Dívida ou Vida, Poder ou Fazer: os nossos Catch 22

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18.03.2024

Catch 22 é um romance de referência do século XX (e um filme de humor negro de 1970) sobre o absurdo da guerra e da irracionalidade das acções humanas. O desprezo pela vida; o poder como única legitimação de qualquer fazer; a ambivalência ética tornando qualquer acção boa e má ao mesmo tempo; a injustiça da justiça sobrepondo a defesa e o juíz na mesma pessoa ou instituição sem qualquer escrutínio externo…a ausência de heróis e a existência de cada vez mais vítimas. Enfim, uma sociedade em burnout em que nem invocar o burnout possibilita uma saída! O Catch 22 ficou conhecido por estas circularidades em paradoxo e serve-nos neste texto para propormos uma reflexão sobre algumas das principais circularidades em paradoxo em Portugal.

A Dívida é o mais antigo garrote da humanidade. A dívida transforma-nos em reféns, mas, ao mesmo tempo, é um laço social fundamental para o alargamento das sociedades. A dívida está, desde tempos imemoriais pela instituição do ‘dote’, na base da sociedade possibilitando um contrato entre dois grupos estranhos entre si pelo casamento dos seus filhos. É a mesma lógica que possibilita checks and balances num quadro de uma ‘casa comum’ mais alargada como os Estados-Nação em Regiões Internacionais. A dívida e a vida estão, assim, inelutavelmente entrelaçadas. E a sua circularidade em paradoxo engrena-se noutras duas, aumentando a complexidade: o Poder e o Fazer, a Burocracia e a Literacia.

Em período eleitoral, insiste-se em prometer a Vida, solicita-se o voto como forma única de chegar a Fazer e apela-se à Literacia para que o povo vote de forma informada. Já no governo é a Dívida e suas condições que rege a Vida; é o Poder (a todo o custo) que subordina o Fazer; é a Burocracia que regula a Literacia. A dificuldade é conseguir uma relação equilibrada entre a Vida e a Dívida, entre Poder e Fazer, entre Burocracia e Literacia que privilegie a Qualidade de Vida, o Saber-Fazer e a Meritocracia.

A Dívida ou a Vida

Quando se aposta tudo na Dívida parece colocarmos a Vida em causa e quando prometemos a Vida, o que temos receio........

© Observador


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