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Dia de reflexão

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12.03.2024

Este 10 de Março de 2024, 49 anos depois do 11 que simbolizou o desequilíbrio do regime para a esquerda, virou o tabuleiro ao contrário. O regime acordou virado do avesso e talvez não tenha dado conta. Antes disso, porém, permitam-me que aqui faça um pedido de desculpas.

Por razões inexplicáveis, e contra muito do que penso e aqui fui escrevendo ao longo dos últimos anos, deixei-me convencer por uma ideia que a realidade me dizia que não era concretizável. Essa ideia ditava que o “não é não” se traduziria numa transferência utilitária do voto do centro e da direita para a Aliança Democrática, e residualmente para a IL. A realidade da votação de domingo demonstra que ela não podia ter concretização prática, pelo menos já não agora, e na verdade as razões que levam a essa não concretização são evidentes. Como várias vezes aqui expus essa evidência, estou sobretudo aborrecido por não ter tido o discernimento de distinguir desejos políticos da apreciação fria dos factos: que o PS provou do seu próprio veneno, perdendo votos para o Chega, sim, mas a AD não ganhou directamente e a prazo nada com isso.

A lógica do “não é não” podia ter tido – se tivesse, nunca dei isso por garantido – resultados em 2022, quando o Chega era uma força ultra minoritária. O PSD não escolheu esse caminho na altura, o que valeu uma maioria absoluta ao PS. Talvez mesmo agora tivesse funcionado, mas faltou sempre o lado B dessa estratégia. E esse lado B passava por algo que PSD e CDS já não são capazes de oferecer aos portugueses. Já lá vou.

Para já, fica um Governo frágil, depois de uma vitória ridícula, liderado por Luís Montenegro que não tem outro remédio que não passe por negociar medidas e orçamentos com André Ventura. O Chega já não pode ser colocado de parte da mesa dos crescidos: já não estamos a falar de um partido de um homem só, mas da representação de mais de um milhão de portugueses que merecem que a sua........

© Observador


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