E, de repente, ardeu a Madeira e, enquanto o PS julga ter ganho alguma coisa com isso, quem de facto ganhou combustível eleitoral foi o Chega. As coisas são, porventura, mais evidentes do que muitos convictamente julgarão e do que outros tantos teimam não querer ver: a democracia não está a ser corroída pelo surgimento de novos partidos populistas, mas pelos «democratas».

Há demasiadas histórias na História destes 50 anos de democracia que continuam por contar, mas que talvez ajudassem a compreender melhor o estado a que chegámos – para lembrar uma frase famosa de Salgueiro Maia.

O compromisso de Novembro de 1975 agradou a quase todos os envolvidos, mas revela-se cada vez mais uma bomba que agora nos rebenta nas mãos. De Novembro saiu um grande vencedor, o PS, que se tornou dono do regime; um razoável vencedor, o PCP, que ficou sem a revolução, mas com o legado do PREC inscrito na Constituição da época e com direito a enxamear a Administração Pública e o poder sindical; um resignado, o centro-direita, que levou anos a recentrar o sistema e a própria Constituição, mas que nunca ganhou uma legitimidade política num país sem cultura liberal, que também nunca soube fomentar; e depois há um derrotado tolerado pelo sistema, a extrema-esquerda, que mais tarde enveredou pelo terrorismo e acabou com os seus membros quase glorificados como símbolos da democracia; e a grande derrotada e excluída cabalmente do sistema, a direita radical, que surge agora numa revanche proporcionada pelos tempos.

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A doença nacional do fartismo

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30.01.2024

E, de repente, ardeu a Madeira e, enquanto o PS julga ter ganho alguma coisa com isso, quem de facto ganhou combustível eleitoral foi o Chega. As coisas são, porventura, mais evidentes do que muitos convictamente julgarão e do que outros tantos teimam não querer ver: a democracia não está a ser corroída pelo surgimento de novos partidos populistas, mas pelos «democratas».

Há demasiadas histórias na História destes 50 anos de democracia que continuam por........

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