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Nuremberga

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08.12.2025

Levado pelo entusiasmo, fui ver o mais recente filme sobre o julgamento de Nuremberga, com o título da cidade onde 22 criminosos de guerra nacional-socialistas foram condenados e onde 10 anos antes Hitler proclamara as infames leis raciais. Já tenho idade para ter juízo e é difícil justificar por que é que ainda mantenho algum tipo de esperança nos produtos de Hollywood. Anos e anos de desilusão ainda não me curaram e com “Nuremberga” paguei o preço.

Talvez seja o fascínio dos temas que os filmes exploram. Neste caso foi aquele julgamento como acontecimento histórico e como precedente jurídico para o novo mundo que à época se supunha estar a fundar. No passado recente foi o Papado, tratado com a inteligência de uma pedra da calçada, e o moralismo de um deslumbrado de 15 anos, pelo realizador brasileiro Fernando Meireles no filme “Os Dois Papas”. “Oppenheimer” foi a excepção porque Christopher Nolan é excepcional. Mas é sintomático do tempo em que vivemos que nem “Oppenheimer” tenha evitado, aqui e ali, o deslize para o respeitinho beato pelos preconceitos do nosso tempo.

Escrito e realizado por James Vanderbilt, “Nuremberga” tinha tudo ao seu dispor: orçamento, meios técnicos e um grande tema. No final, ficamos com pouco mais do que nada. A lista do nada não é edificante. Personagens como a do protagonista, o psiquiatra Douglas Kelley, a fazer questão de exibir todos os maneirismos dos influencers das redes sociais em 2025 e as mesmas declamações previamente empacotadas que hoje em dia os filmes e séries repetem infalivelmente,........

© Observador