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SNS: milhões para 'tarefeiros' mas bloqueia médicos europeus

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Durante nove semanas consecutivas, no auge da pandemia de 2021, médicos alemães trabalharam no Hospital da Luz, em Lisboa, para salvar portugueses. O então primeiro-ministro António Costa agradeceu publicamente. Ninguém questionou os seus diplomas. Ninguém exigiu certificados de proficiência linguística. Ninguém lhes pediu para esperarem dois anos por aprovação.
Três anos depois, se esses mesmos médicos quisessem continuar em Portugal e progredir para cargos de chefia no Serviço Nacional de Saúde (SNS), teriam de enfrentar primeiro dois anos de processos burocráticos, com apenas 42,2% de probabilidade de aprovação.

E há mais: estudos indicam que apenas 17,6% dos médicos estrangeiros trabalham no SNS. Os restantes 82,4% estão no setor privado. Porquê?
Médicos europeus, formados nas melhores universidades, enfrentam processos de reconhecimento que podem demorar até dois anos. E depois? Segundo dados da Ordem dos Médicos, menos de metade são aprovados.

Portugal enfrenta uma crise estrutural no SNS. Os números são brutais. Em 2025, o país gastou mais de 200 milhões de euros com médicos no regime supletivo, também conhecidos como “tarefeiros”, ou seja, profissionais com contratos temporários e sem vínculo permanente. O SNS gastou ainda 170 milhões de euros com o regime de dedicação plena, pagando a cerca de 12 mil médicos um adicional de 25% no salário para trabalharem 40 horas semanais em exclusividade.
São 370 milhões de euros por ano só nestas duas rubricas. Entretanto, temos bloqueado sistematicamente a entrada de médicos europeus qualificados no SNS.

Durante a pandemia, quando necessitámos de apoio, não vacilámos. Aceitámos equipas médicas alemãs e de facto doações de vacinas da Comissão Europeia. Sem esquecer que anteriormente recebemos 80 milhões de euros de uma fundação filantrópica espanhola para o tratamento do cancro. No entanto, agora que a crise passou,........

© Observador