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Economia e clima: o declínio do eco-catastrofismo?

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19.10.2025

Em Julho de 2025, o Departamento de Energia dos Estados Unidos da América (EUA) publicou o relatório intitulado “Uma Revisão Crítica dos Impactos das Emissões de Gases com Efeito de Estufa no Clima dos Estados Unidos” (“A Critical Review of Impacts of Greenhouse Gas Emissions on the U.S. Climate”). No prefácio do documento, o secretário de Energia, Chris Wright, reconhece que o fenómeno das alterações climáticas “é real e merece atenção”, mas sublinha que “não é a maior ameaça à humanidade” e que deve ser encarado como um “desafio”, e não como uma “catástrofe”.

Segundo o jurisfilósofo belga Drieu Godefridi, o relatório apresenta duas conclusões principais: a resposta mais racional às alterações climáticas é a adaptação, a qual pressupõe criação de riqueza e progresso tecnológico; e os danos causados pelo aquecimento global são muito menos devastadores do que aqueles resultantes de políticas climáticas equivocadas.

Na minha opinião, Godefridi, um revisor especialista e autor de recomendações e relatórios para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), elaborou até agora o resumo mais esclarecedor do relatório do Departamento de Energia dos EUA, no qual expressa a sua esperança de que o mesmo se torne no funeral do “eco-catastrofismo”. No seu artigo, o autor do livro The Green Reich sustenta que o documento evidencia pelo menos seis realidades ignoradas pela chamada “ideologia das alterações climáticas”, que descreve como um culto disposto a impor sacrifícios à humanidade sob o pretexto de “salvar o clima”: o aquecimento global não tem um impacto económico considerável; as emissões de CO₂ têm efeitos negligenciáveis; os fenómenos climáticos extremos não se estão a tornar mais frequentes; o CO₂ também gera efeitos benéficos; os modelos climáticos apresentam inúmeras limitações; e persistem significativas incertezas científicas quanto às políticas climáticas mais eficazes.

No presente artigo, centrar-me-ei na primeira constatação, admitindo, porém, a minha concordância com uma das críticas que poderão ser dirigidas ao relatório, que é a ausência de referências concretas a exemplos de adaptação das sociedades humanas e da economia ao clima.

A influência negligenciável das alterações climáticas no crescimento económico

Em primeiro lugar, o relatório vai ao encontro do que o IPCC declarou no seu 5.º Relatório de Avaliação quanto ao impacto praticamente insignificante das alterações climáticas na economia. De facto, no capítulo B (Riscos Futuros e Oportunidades de Adaptação), mais concretamente no subcapítulo B-2 (Riscos Sectoriais e Potencial de Adaptação), lê-se que as alterações populacionais, a estrutura etária, os rendimentos, a tecnologia, os preços relativos, o estilo de vida, os regulamentos e a governação têm impactos muito maiores do que as alterações climáticas (pág. 19).

Recordando que tanto a generalidade dos economistas como o 5.º Relatório do IPCC consideram o clima um “factor não importante no crescimento económico”, os autores do relatório chegam mesmo a afirmar que é muito heterodoxo, na economia........

© Observador