O Relatório Draghi e a mão invisível da Cultura
O Relatório Draghi, deste mês de Setembro, é uma lufada de ar fresco numa Europa que parece mais ocupada a gerir problemas que a encontrar soluções.
Já muito falado, desde a sua apresentação pública, noto que os comentários se focam, essencialmente, na reprodução da mensagem do mesmo, a relevar os pontos principais – da análise comparativa com os principais competidores (EUA e China), ao elencar do que é preciso fazer em termos de Investigação e Desenvolvimento, prioridades de industrialização, e, meios para o concretizar.
O Relatório, que tem como título “O Futuro da Competitividade Europeia”, é mais que uma análise e proposta para o futuro da competitividade. O texto diz que “Chegámos ao ponto onde, sem ação, iremos comprometer ou o nosso Bem-Estar, o nosso Ambiente ou a nossa Liberdade”. Ou seja, sem mudança de rumo, não será possível guardar os três parâmetros, ao mesmo tempo. E foca-se na necessidade da melhoria da competitividade como forma decisiva de assegurar o que considera serem os valores europeus: prosperidade, equidade, liberdade, paz, democracia, num ambiente sustentável. É uma evidência, Mário Draghi liga a competitividade não só ao futuro da mesma, também, ao futuro da Europa.
Todavia, este documento, que é uma mais valia – porque para lá das intenções, propõe caminhos concretos a seguir – nunca toca ou expressa uma palavra, um conceito, que é determinante, enquanto condição prévia e de contexto, para atingir os objetivos enunciados – a Cultura.
A Cultura, para este efeito, é tomada no sentido amplo do conjunto de memórias, representações, valores, instituições e criações que correspondem a dada comunidade.
Talvez os mais céticos considerem excessivo, considerar a Cultura como elemento determinante da competitividade e do desenvolvimento. Todavia, se relembrarmos um livro, do início do........
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