Nação Murcha, Nação Valente
Um dia, a Nação murchou.
Foi uma coisa sem aviso. A manhã nascera quente e húmida, cobrindo o continente e as ilhas. Longe, Portugal do Minho a Timor. Remota, a formação do reino, a giesta dos Brasis, a dobra do Cabo das Tormentas, o arribar a Calecute, a Restauração, a República. Na distância, a tomada de Goa pela Índia, a guerra colonial, o 25 de Abril, as independências africanas, a saída de Macau. A expansão do reino e da fé foram calados, pela narrativa sobre a ação de negreiros e a barbárie de colonizadores. É preciso falar disso. Mas, os primeiros olhares, a coragem, o engenho e a arte – porque já não são fonte de orgulho coletivo? Entre os relativismos das novas e complexas visões historiográficas, as censuras do cancelamento cultural e a vontade de estar na moda (que contagiou o massacrado currículo das escolas e a sociedade em geral), o que pode ser contado e como pode ser contado? Deixou de haver heróis e momentos inspiradores – pode sempre encontrar-se um pecado moderno em cada gesto antigo.
Que narrativas comuns são hoje possíveis? Sem simplificações, sem poética, como pode circular uma História que chegue a todos? A neutralidade, tomou conta não só das histórias da História mas de tudo o que respeita a ter posição sobre o Passado, o Presente e o Futuro. Na educação pública, as questões de género passaram à frente de outros assuntos bem........
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