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Um país ao contrário

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07.11.2025

Por clara incapacidade minha e rara tendência para o desleixo, a minha vida académica foi uma tragédia. E se hoje ainda tenho vida académica foi devido ao facto de errar. E quando digo errar, não é do tipo “Que chatice, lá vou ter eu de fazer isto outra vez”, é do tipo “Eish, grande bronca, como é que vou resolver isto?”.

Um dia, nestas páginas, escrevi sobre o que é o capital. A esmagadora maioria das pessoas ao ouvir a palavra associa imediatamente a dinheiro. Nada mais errado. Capital é a capacidade de produzir algo que os outros queiram consumir. Um país pode ter muito dinheiro e ter pouco capital, algo que acontece amiúde aos países produtores de petróleo que insistem em “comprar” o que de melhor se faz no estrangeiro, em vez de tentarem fazer eles. Isto para dizer que a capacidade de produzir está muito pouco relacionada com o volume da nossa conta bancária e depende essencialmente daquilo que sabemos fazer. Daí, quando olhamos para as estatísticas de riqueza, vemos no meio dos produtores de petróleo e dos centros de livre comércio países como a Dinamarca, a Finlândia ou a Holanda que não têm outra coisa para vender que não a capacidade de produção dos seres humanos que alojam.

O que estes países, feitos de pedras, gelo e árvores têm que os outros não têm é a noção da importância que tem de incorporar esta capacidade de fazer no único ativo que têm – as pessoas. O capital do país vem da educação e da qualidade desta. Claro que há países que quase podem viver em completa ociosidade enquanto os recursos naturais o permitem. Haja petróleo a jorrar do chão e o Qatar ou os Emiratos Árabes podem ter a educação que entenderem (embora estejam a investir no contrário). Haja sol e praia e Portugal pode continuar a fomentar hordas de cliques ociosas que vivem de impostos cobrados........

© Observador