Vergonha de ser branco
As pessoas politicamente correctas que proliferam nas redacções de muitos jornais, na área de ciências sociais e humanas da academia, em muitas das cadeiras da ONU e na sociedade em geral, acreditam piamente que existe um privilégio branco, isto é, uma suposta posição de vantagem de que todas as pessoas brancas beneficiariam, face aos não-brancos, pelo simples facto de o serem. Um privilégio que, dizem-nos, e relativamente aos afro-descendentes, assentaria numa desigualdade histórica construída pela escravatura, pela colonização e pelo trabalho forçado, que teria inferiorizado os negros — todos os negros — pelo simples facto de o serem.
Ainda que isso não seja frontalmente assumido, essa teoria procura criar em todos os brancos um sentimento de dívida para com a humanidade não-branca. Daí decorre uma ideologia que é uma espécie de racismo invertido, isto é, que instila em muitos, sobretudo nos jovens universitários — e, eventualmente, em cada vez maior número —, um sentimento de culpa e uma certa timidez ou acanhamento, em certos contextos, em função da cor da pele. Ou seja, essa ideologia converte os brancos em agentes de todos os malefícios, de todas as crueldades, e tenta impor-lhes que vivam de olhos baixos e mãos no peito, em constantes actos de contrição e em declarações de arrependimento pelo seu suposto privilégio e pelas acções dos seus antepassados. Não é por acaso que na recente canção “White Privilege”, o jovem actor e cantor Sam Fender confessa que quer ser “anybody but me” e acrescenta: “I’m a white male, full of shame, my ancestry is evil, and their evil is still not gone”.
É claro que Sam Fender é inglês e que, em Inglaterra, o wokismo, a descolonização da História, o politicamento correcto e o correspondente cancelamento dos que são supostamente incorrectos foram levados e elevados aos píncaros do absurdo. Não se pense, porém, que este sentimento de........
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