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Até quando vamos admitir o inadmissível?

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Antes de mais, desejo um Feliz e Santo Natal a todos os leitores e colaboradores do Observador.

Dito isto, pergunto-vos: até quando iremos nós, ocidentais, admitir o inadmissível? Tinha 17 anos quando me fiz essa pergunta pela primeira vez. Foi no contexto dos motins de 2005 em França, quando dezenas de milhares de jovens estrangeiros, ou filhos e netos de estrangeiros, amotinaram-se. Queimaram carros, caixotes do lixo e todo o tipo de mobiliário urbano; incendiaram escolas e bibliotecas; lançaram pedras e foguetes contra a polícia; queimaram bandeiras francesas, aos gritos de «nique la France». Nesse mesmo ano ocorreram os atentados de Londres; no ano anterior, os de Madrid; e, quatro anos antes, o 11 de Setembro.

A mesma pergunta voltou a assolar-me em 2015, quando, após dez anos de relativa acalmia, os islamistas voltaram a massacrar inocentes — primeiro no jornal Charlie Hebdo, depois no Bataclan (mais de 300 mortos ao todo). E mais uma vez em 2016, quando milhares de jovens alemãs foram abusadas e agredidas sexualmente por refugiados, alguns chegados havia apenas poucos dias. E novamente em 2016, quando um padre de 80 anos foi decapitado por dois muçulmanos, ao grito de «Allahu Akbar». E ainda mais uma vez, nesse mesmo ano, quando um muçulmano radicalizado atropelou mais de 80 pessoas em Nice, no Passeio dos Ingleses. Ou quando um terrorista islamista atropelou várias pessoas na Suécia, em 2017, utilizando um camião.

Mais uma vez, a mesma pergunta atingiu-me como um relâmpago quando, em 2020, um professor francês, Samuel Paty, foi decapitado por um islamista checheno — depois de uma aluna muçulmana ter denunciado ao pai que o professor mostrara caricaturas do profeta Maomé na sala de aula, quando ela nem sequer lá estava. Ou em 2023, quando outro professor, Dominique Bernard, foi esfaqueado até à morte por mais um islamista. São tantas as vezes que me pergunto «até quando?», que já lhes perdi a conta.

Desta vez, não foi nem na Europa nem nos Estados Unidos, mas na Austrália. Mais uma vez, terroristas muçulmanos decidiram que pessoas inocentes não mereciam viver simplesmente por não partilharem da mesma religião. Por serem infiéis. Por não se submeterem. Por não aceitarem o estatuto de dhimmi. Por simplesmente existirem e serem diferentes, foram massacrados. Desta vez, o crime — aos olhos dos terroristas — daquelas pessoas que festejavam na praia era múltiplo: eram ocidentais; eram infiéis; e, ainda por cima, judeus. Nas caixas de comentários online nos jornais ingleses, alemães, franceses ou portugueses, várias pessoas quase justificavam o atentado, afirmando que o verdadeiro culpado era o primeiro-ministro de Israel. Que o primeiro-ministro de Israel seja responsável, segundo certas investigações, por crimes de guerra, é uma coisa. Mas aquelas pessoas na praia nada tinham a ver com o governo israelita nem com as suas forças armadas.

É estranho constatar que, quando há atentados cometidos por muçulmanos, essas mesmas pessoas afirmam........

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