Autópsia Política da Saúde, Parte VI: As Gémeas
A escolha do subtítulo resulta de que o “caso das gémeas”, não interessa se Portuguesas, Brasileiras, Espanholas ou Inglesas, serve para ilustrar um dos problemas recorrentes do serviço nacional de saúde (SNS). Até dois, sendo que o segundo é um problema da administração dos serviços públicos e dos políticos que os tutelam.
O primeiro problema é a dificuldade que as instituições do SNS que tratam doentes têm para definir princípios e aplicá-los no que diz respeito à prescrição e administração de determinados medicamentos, geralmente os mais caros, embora se devesse dizer o mesmo dos mais tóxicos ou de aqueles com uma relação de custo/benefício em que o numerador supera o denominador de forma muito expressiva.
O segundo problema é mais tacanho, porventura mais grave na sua perversão, e consiste na subserviência da administração pública a supostas cadeias de comando. Cadeias essas que, no fim do dia, não existem, não se manifestaram, não invocam memórias de interferência, apenas pugnaram pelo cumprimento da lei, não sabem de nada, não conhecem os envolvidos, desconhecem o tema, confundem a resposta a uma suposta reclamação com uma intervenção deslocada, não se surpreendem, nem se arrependem.
Começando pelo fim, o segundo problema, resta apenas desejar que este caso, o das gémeas, sirva para que os políticos possam aprender que o melhor é não se meterem onde não devem, tal como a administração deve estar segura dos princípios que segue e da justeza ética e técnica das decisões que os vários agentes vão tomando.
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Mas é o primeiro problema que mais nos deve afligir. Afinal, no caso concreto, era ou não indicado tratar as meninas com o medicamento que foi usado? Houve ou não alguém que tenha ficado prejudicado pela decisão de........
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