O Rosto que Não Cala
Há decisões legislativas que, à primeira vista, parecem pequenas e administrativamente prosaicas. Depois tornam-se marcos, não pelo número de linhas do diploma, mas pela forma como redesenham a experiência comum. A proibição da ocultação integral do rosto em espaço público é uma dessas decisões: uma letra curta que abre uma fenda simbólica profunda entre aquilo que somos e aquilo que aceitamos ser.
Não se iludam: a controvérsia em torno do véu integral não é uma disputa sobre tecido, nem tão-pouco um duelo meramente teológico. É antes uma batalha sobre a gramática mínima da vida em sociedade, sobre os sinais partilhados sem os quais a convivência se transforma em polifonia sem sintaxe. A face, ali onde se lê a expressão, o reconhecimento e a resposta, é o primeiro desses sinais. Pedir que a face se mantenha visível não é legislar a alma; é preservar o alfabeto da conversação pública.
Vivemos, desde há décadas, sob a tirania de duas ilusões complementares. A primeira é a crença de que a liberdade se reduz a um catálogo de preferências individuais, sem contrapartidas; a segunda, que o pluralismo exige a ausência de qualquer critério que ordene o espaço comum. Ambas são perigosas. A liberdade que não se ancora em regras mancha-se de arbitrariedade; o pluralismo sem parâmetros transforma a diferença em........





















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