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Um texto que não deveria precisar de ser escrito 

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08.05.2024

No centro de Luanda há uma estátua colossal da Rainha Njinga, que viveu entre os séculos XVI e XVII, e é celebrada como um símbolo da luta pela liberdade e contra o imperialismo português.

Njinga era rainha dos Mbundus. O seu pai tinha assumido o poder em 1592 e fora assassinado por conspiradores. O seu filho e sucessor, Ngola Mbande, massacrou vários familiares e ordenou a esterilização das suas irmãs, Njinga incluída.

Njinga envenenou o irmão em 1624. Assumiu o trono e assassinou o seu sobrinho de sete anos, filho de Ngola Mbande, para evitar a concorrência .

O Marquês de Sade, em Philosophie dans le Boudouir, caracterizou-a como “a mais cruel das mulheres”, uma rainha que matava os amantes assim que se fartava deles e, “para satisfazer a sua alma feroz, se divertia fazendo esmagar num almofariz mulheres que engravidassem antes dos trinta anos.” (Esta e as seguintes são traduções minhas.)

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Njinga conquistou o reino vizinho dos Matamba. Para melhor combater os portugueses, associou-se aos holandeses. Depois da derrota destes, celebrou com os portugueses um acordo de paz, por forma a manter-se rainha do Ndongo. Converteu-se ao cristianismo. Destruiu os ícones religiosos dos Mbundus, renunciou aos sacrifícios humanos, e iniciou ou um programa vigoroso de construção de igrejas. Estas e outras histórias conta Linda Heywood num livro de 2012, Njinga of Angola: Africa’s Warrior Queen.

A história mais popularizada de Njinga relata o episódio em que, durante um encontro com um governador português, se recusou a sentar-se no chão para não ficar num nível inferior ao do seu interlocutor, tendo ordenado então a um escravo que se colocasse com as mãos e os joelhos no chão por forma a poder sentar-se nas suas costas.

O episódio é recordado para realçar a não........

© Observador


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