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“Angústia para o jantar”

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04.04.2024

O país prepara-se para as comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos. É bom dizer que o país, neste caso, somos todos, mas alguns veem o 25 de Abril de 1974 como uma esperança que não chegou a florir, plenamente, nas suas vidas. Como todas as revoluções, a nossa cometeu erros, teve excessos e ficou aquém de muitas expectativas. Foi feita por homens, eles próprios imperfeitos. Em 1974, eu era um jovem adolescente e não percebia nada de política; levantava-me de manhã para ir à escola, brincava na rua, o ponto de encontro da rapaziada, onde gastávamos a energia atrás da bola.

No dia 25 de Abril, uma quinta-feira, a minha rotina repetiu-se, como todos os outros dias da semana. Quando cheguei à escola, o professor disse-nos que não havia aulas e fomos jogar à bola para o jardim. Tinham passado pouco mais de dez minutos, uma carocha da polícia parou, um agente apanhou a bola e diz-nos que o nosso lugar é na escola. Ficámos a olhar uns para os outros e, o mais importante, ficámos sem bola.

Este episódio foi, provavelmente, a minha primeira lição de ciência política. Por que não podíamos jogar futebol no jardim? Por que não nos devolveram a bola? A resposta a........

© Observador


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