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Roubo da linguagem e défice de ação comunicativa

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12.07.2024

Em 1981 o filósofo Jurgen Habermas escreveu o livro Teoria da ação comunicativa (TAC) acerca das relações entre o ator e o sistema, uma teoria da razão crítica acerca da interação social entre a lógica da vida ao quotidiano e a lógica do sistema dominante e da sua razão instrumental. Segundo Habermas, a comunicação humana na vida quotidiana tem uma racionalidade própria e regras próprias para a boa utilização da linguagem e é através da linguagem que aprendemos e conhecemos, que comunicamos e socializamos, que argumentamos e construímos o entendimento comum, que estruturamos a esfera pública e o diálogo democrático.

Ora, no atual contexto, rodeados de plataformas, redes e aplicativos por todos os lados, vivemos uma verdadeira vertigem informativa que altera substancialmente a nossa perceção da realidade e gera muita agitação no nosso sistema cognitivo, assim como, o risco permanente de colisão entre o ator e o sistema. De facto, a vertigem informativa em que estamos mergulhados afeta a perceção da realidade, o processo e o procedimento científico, mas, também, o papel e a função da cultura geral que, agora, passa por um processo de desconstrução devido à alucinação e à loucura provocadas por este oceano de informação. Com efeito, não é só a diferença entre verdadeiro e falso que está em causa, é, ainda, o défice de empatia entre os seres humanos, agora substituído pela bolha das emoções na colónia virtual, uma espécie de nova tirania dos sentimentos. Que comunicação humana é esta e com que densidade linguística?

De um ponto de vista histórico-epistemológico, depois da imprensa, dos livros e jornais, depois da rádio e televisão, temos agora a internet, os computadores, os smartphones, as redes sociais e a inteligência artificial, ou seja, estamos a assistir a uma transformação estrutural da esfera pública na era da sociedade digital, ou, como diria, Jurgen Habermas, precisamos de nos questionar de novo sobre a teoria e a prática do agir comunicacional ou da ação comunicativa. Estamos claramente num ponto de viragem, mas ainda não sabemos se somos nós, os humanos, a reinventar o grande compromisso da política, ou se é a digitalização da sociedade engendrada por máquinas inteligentes e algoritmos a impor a normalização e padronização dos nossos comportamentos.

Uma das manifestações mais virulentas deste empobrecimento diz respeito ao que pode ser designado como........

© Observador


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