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Montenegro na Ucrânia e a viragem da política de defesa

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tuesday

A primeira viagem do Primeiro-Ministro Luís Montenegro à Ucrânia, em 20 de dezembro de 2025, não foi apenas um gesto diplomático de solidariedade. Constituiu um ponto de inflexão político claro: o momento em que Portugal começou, finalmente, a exercer a sua política de defesa como ela deve ser exercida: com lucidez estratégica.

Esta lucidez traduz-se numa assunção fundamental que, durante demasiado tempo, foi evitada no debate público: os recursos são finitos. Num contexto de guerra prolongada, ajudar por ajudar, sem retorno estratégico, não é sustentável, nem responsável nem defensável.

É neste quadro que esta mudança deve ser lida. Não decorre apenas da adaptação a um novo contexto internacional, mas da necessidade de alinhar a ação externa do Estado com aquilo que é correto, exigível e estruturalmente coerente para um país de dimensão média, com responsabilidades atlânticas, confrontado com uma guerra prolongada no seu espaço estratégico alargado.

Durante demasiado tempo, o apoio à Ucrânia foi enquadrado quase exclusivamente como um imperativo moral. Esse enquadramento foi legítimo, e necessário, nos primeiros meses do conflito. Com a consolidação da guerra como fator estrutural da segurança europeia, esse registo revelou limites evidentes, tornando-se politicamente frágil face aos impactos diretos na indústria, na........

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