Mulheres e garotos
A primeira grande paixão de minha vida chamava-se Virgínia. A gente se encontrava praticamente todos os dias, no mesmo horário e local. Bonita, mãos suaves e sorriso cativante, sempre usava rabos-de-cavalo, mas arrasava corações quando soltava os cabelos. O perfume que deles emanava era inebriante, deixava rastros de sedução. Por ela, caprichei em tudo que fazia: na letra bem rabiscada dos bilhetes secretos (que jamais enviei), nas camisas limpas e bem passadas, nos sapatos engraxados e até no meu topete fixado com Gumex – sonhando que tais manobras e aparatos chamassem sua deliciosa atenção. Enfim, um lindo caso de amor. Porém, havia um pequeno problema: ela teria, na época, uns 20 anos - e eu, só 8. Virgínia era minha professora do curso primário.
Esse exemplo de deslumbramento de meninos frente às suas professoras foi e ainda é frequente e normal. Para mim, trata-se da primeira constatação natural da existência de um ser humano diferente de nós homens; uma espécie........
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