Scientia ex machina
A cultura do início do século XX idealizou o cientista como uma figura solitária. Trabalhando em laboratórios modestos ou escrevendo à luz mortiça, a imagem é de alguém imerso nas sua experiências, papéis e pensamentos que, alheado do mundo, contribui para o avanço da ciência. Esta imagem romântica desvaneceu-se a partir das décadas de 1930-1950 à medida que a realidade mostrou que a ciência avança com equipas multidisciplinares hierarquizadas, laboratórios sofisticados e fundos generosos. Hoje, assistimos à emergência de um terceiro modo de fazer ciência, caracterizado pela automação, robotização, digitalização e artificialização da inteligência. Numa visão futurista, estas tecnologias poderão originar uma ciência conduzida e mediada por agentes inteligentes em que a intervenção cognitiva humana no processo de descoberta é reduzida ou, no limite, totalmente ausente.
O retrato de Louis Pasteur pintado por Albert Edelfelt é talvez uma das imagens que melhor evocam a ideia romântica, e porventura mítica, do cientista solitário. No quadro, vemos o cientista imerso no silêncio solene do seu laboratório austero, segurando delicadamente um frasco de vidro. A luz incide sobre o seu rosto pensativo, símbolo de uma era em que a descoberta científica seria fruto do trabalho solitário, da observação paciente e da experimentação manual. Embora a imagem desta ciência lenta, quase privada e materialmente próxima do investigador permaneça gravada no nosso imaginário coletivo, ela foi-se dissociando da realidade no decurso do século XX. À medida que a física, química, biologia e engenharia evoluíram, deixou de ser possível a um único cientista dominar todo o conhecimento necessário para abordar questões científicas cada vez mais........





















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