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Eleições falsamente democráticas

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06.02.2024

Eleições falsamente democráticas

O Governo ao desistir da ligação ferroviária à Europa torna a economia portuguesa prisioneira dos interesses das empresas espanholas que são as nossas maiores concorrentes, através da dependência dos centros logísticos que a Espanha construiu ao longo da nossa fronteira para esse efeito.

Neste momento em que escrevo, as diferentes oligarquias partidárias estão a escolher aqueles que serão os deputados da Nação para mais uma legislatura. No Partido Socialista essa escolha foi dividida entre dois dirigentes: Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, de forma a fornecer a ambos os apoios amigos e dependentes que os sirvam nas suas ambições políticas e a grande família socialista nos seus interesses. Razão por que neste processo ninguém pensa em servir os portugueses, que não escolhem nada e não têm outro remédio senão aceitar os escolhidos pelos partidos como os seus falsos representantes. De facto, não podem escolher e nem mesmo recusar algum deputado conhecido por más razões, ou simplesmente corrupto. Ou algum deputado que conhecem bem demais. Não podem recusar ninguém e a única solução coerente é não votar o que, estou certo, é o que muitos portugueses acabarão, infelizmente, por fazer.

Não surpreende, portanto, que cerca de metade dos eleitores portugueses já não votem, o que é um direito perfeitamente compreensível, dado que o seu voto não serve para que a escolha recaia nos melhores, nos mais devotados na defesa do interesse nacional e nos mais qualificados para fazer as escolhas certas de que o País necessita. Como também não surpreende que exista um certo consenso na sociedade portuguesa de que a qualidade dos deputados portugueses tem vindo a regredir desde o 25 de Abril, ao ponto de termos hoje vergonha daquilo que muitos desses deputados fazem ou dizem. A corrupção é apenas um dos resultados desta entorse democrática, quase única na União Europeia., mas que a União Europeia conhece e critica como acaba de acontecer esta semana.

Dou um outro exemplo: qual a razão por que tantos deputados votaram recentemente o apoio a António Costa para prosseguir a estúpida decisão de construir uma linha ferroviária entre o Porto e Lisboa em bitola ibérica? Apenas para servir Pedro Nuno Santos, que anda há anos a defender os monopólios das empresas CP e Medway, longe da concorrência internacional, tornando Portugal numa ilha ferroviária, além de um país pária na União Europeia e em todo o Ocidente democrático, onde as políticas da concorrência são centrais na filosofia económica dominante. Claro que a ignorância também conta.

Mas não só, o Governo ao desistir da ligação ferroviária à Europa torna a economia portuguesa prisioneira dos interesses das empresas espanholas que são as nossas maiores concorrentes, através da dependência dos centros logísticos que a Espanha construiu ao longo da nossa fronteira para esse efeito. E fazem-no sem terem a vergonha de afirmar, como faz Pedro Nuno Santos, que não optam pela bitola europeia porque os espanhóis não fazem as ligações necessárias. Desde quando Portugal não cumpre as directivas europeias para a ferrovia e prescinde dos apoios de Bruxelas de milhares de milhões de euros para o efeito, porque os espanhóis não deixam? São estas as decisões de um futuro primeiro-ministro que afirma tudo decidir na hora?

Volto à questão da........

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