Uma política da vida escuta
Há dias uma manifestação auto-designada “caminhada pela vida” teve lugar em 12 cidades do país. Isilda Pegado, presidente da entidade promotora, a Federação Portuguesa pela Vida – com a palavra “vida” sempre envolvida –, pediu que se revogasse a lei da eutanásia.
É bom começar pelas palavras. Por vezes, em política, assiste-se ao exercício de subtrair palavras consensuais ao lado que se quer derrotar. É uma pena que assim seja. Porque não elucida e mistifica. Evidentemente, quem está pelo direito à eutanásia e ao suicídio assistido em condições tremendas de sofrimento não está por outra coisa senão pela vida, pelo respeito pela consciência de quem sofre, pela dignidade da vida que tem de ser escutada e acolhida.
Falam de vida como se imaginassem do outro lado uma caminhada pela morte ou uma federação portuguesa pela morte quando, na verdade, o que está em jogo são diferentes entendimentos da vida, provavelmente irreconciliáveis.
Para uns, na vida biológica joga-se sempre a vida humana; para outros não, a vida humana é mais do que vida biológica e, em última instância, quem a vive tem de ser escutado. Podem os primeiros........
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