Tempos exigentes nas urnas e na rua
Há dias fui a um notário de Lisboa para passar uma declaração de autorização de saída do país de um filho menor. A sala de espera era pouco mais do que um corredor com meia dúzia de cadeiras. À espera de vez, éramos uns vinte, de muitas nacionalidades e idades, cada um o seu assunto, o de muitos mais, acredito, a ver com o direito a permanecer no país e não tanto de sair dele. Numa das cadeiras disponíveis sentava-se uma senhora já idosa, apoiada numa bengala.
Nos poucos minutos que tive para avaliar quando seria a minha vez, se o meu propósito era exequível, em que ombreira podia encostar a minha espera, vi-me logo compelido a sair do meu pensamento e levantar a voz a uma mulher muito mais nova do que eu que se abeirara da idosa sentada diante de mim para lhe cochichar que não havia direito, ela tinha de ter prioridade, ser atendida antes de todos aqueles estrangeiros, nós portuguesas devíamos ser atendidas primeiro.
Eu interrompi-a e disse alto que não, não podia dizer aquilo, eu........
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