Riso aberto
Sorria sempre, de riso aberto e com os dentes que tinha. Até enervava, que a bem dizer nem sempre era caso para isso. Um dia, as cuecas vieram parar aos joelhos, não por alguma razão de atentado ao pudor ou de alguma devassa do privado, mas porque o elástico estava lasso e a vida não permitia umas novas, nem havia tempo para corrigir a frouxidão do tecido gasto. “Ficou alcançada”, puxou as ditas como pôde e seguiu em frente. Logo ela, que tinha tanto em boa disposição como em timidez.
Apetecia-lhe chorar, mas ergueu a cabeça e esboçou o sorriso que tinha à mão, com os dentes que conseguia. Já não eram muitos, que depois de se ter a canalha os dentes tendem a enfraquecer. Era o que lhe diziam as mulheres mais velhas da aldeia. Outra vez, foi o........
© JM Madeira
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