De Lucília Gago a Amadeu Guerra: da agonia à esperança
O fim do consulado de Lucília Gago começa oficialmente com o anúncio do nome do próximo Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra. A forma como a notícia está a ser recebida pelo Ministério Público, pelos partidos e pelos fazedores da opinião pública demonstra a urgência em voltar a credibilizar o Ministério Público aos olhos dos cidadãos, tentando dar-lhe o que tanto lhe tem faltado: hierarquia, responsabilização, comunicação e prestação de contas ou, numa palavra, transparência.
No início da década passada, o filósofo Byung-Chul Han afirmou que vivemos numa “sociedade da transparência”. De facto, nenhum outro tema parece ser hoje tão relevante na esfera pública como o da transparência, «objecto de uma reivindicação efusiva». Curioso que tenha sido a Procuradora-Geral, agora de saída, a lembrar este cenário no seu discurso de tomada de posse, em outubro de 2018.
Malogrado reconhecimento, Lucília Gago manteve-se praticamente em silêncio nos últimos seis anos, não concedendo entrevistas aos órgãos de comunicação social. E, quando finalmente falou, ei-la: recusando o estrelato, chutando com fulgor as críticas e os críticos, reclamando a pureza do MP, agitando o fantasma de uma campanha orquestrada destinada a enfraquecer aquela magistratura, atirando as culpas da gestão dos recursos humanos para as procuradoras grávidas e mães, julgando normal que mais de 10 mil telefones estejam sob escuta e rejeitando perentoriamente qualquer envolvimento de procuradores nas fugas ao segredo de justiça. Lucília Gago tardou, mas........
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