O estudo económico apresentado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre as consequências de uma eventual baixa significativa do IRC das empresas é simultaneamente útil e inútil. Útil porque vem aportar rigor técnico àquilo que o senso comum já concluíra por si; inútil porque não servirá para inverter, nem sequer para fazer reflectir, a doutrina instalada da bondade de uma alta carga fiscal sobre a produção de riqueza — um credo cultivado por economistas próximos da extrema-esquerda, com audição privilegiada na nossa imprensa. Em suma, o que o estudo diz é que baixar de forma assertiva, e não apenas cosmética, o IRC sobre as empresas produziria resultados imediatos e duradouros na economia, conduzindo a um aumento da riqueza, crescimento do PIB nacional, melhoria dos salários dos trabalhadores e, por via disso, mais consumo interno: um círculo virtuoso. Em maior ou menor grau, trata-se da receita irlandesa, cujos resultados estão à vista, para poderem ser invejados ou desdenhados, e que no fundo se traduz na horrível proposta liberal: menos dinheiro nas mãos do Estado significa mais dinheiro a circular na economia e nas mãos das pessoas. Maior capacidade de decisão empresarial, maior liberdade individual.

QOSHE - O incómodo dos factos - Miguel Sousa Tavares
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

O incómodo dos factos

34 1
24.05.2024

O estudo económico apresentado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre as consequências de uma eventual baixa significativa do IRC das empresas é simultaneamente útil e inútil. Útil porque vem aportar rigor técnico àquilo que o senso comum já concluíra por si; inútil porque não servirá para........

© Expresso


Get it on Google Play