A ilusão do Chega do “descontentamento”
Muitos dos abstencionistas que votaram domingo no Chega eram-no há vinte anos ou mais. Grande parte da raiz desse partido advém de dois lugares para os quais se olha menos nos media:
1) O de um movimento populista, extremado na Europa que surge solidificado num grande e concertado bloco em que uns ou outros se financiam e apoiam. André Ventura não é uma personagem menor neste enquadramento. Líder hábil, tem o apoio e está bem alavancado por todas as personagens relevantes globalmente aqui.
2) O outro lugar que vai ao encontro dos tais antigos abstencionistas portugueses que referenciei no início do artigo é o dos saudosistas do antigo regime, sem qualquer apego à democracia por melhores ou piores soluções que esta lhes dê. Durante anos, estiveram à margem do debate político exatamente por isso e naturalmente que não se trata de um fenómeno exclusivamente português. Pelo contrário. Por essa Europa, existem ligações históricas ao fascismo, com mais ou menos narrativas falsas marteladas hoje e através de todos os mecanismos subvertidos numa nova extrema-direita muito bem financiada. É por isso normal o porto seguro em personalidades históricas como Salazar. Passa de geração em geração e cria-se uma espécie de nostalgia de um país que só existiu para a realidade deles.
André Ventura........
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