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Quem lucra com os corpos gordos?

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28.03.2024

Quem lucra com corpos gordos?

Com U$1 trilhão circulando na economia, segundo uma pesquisa do Goldman Sachs, medicamentos como Ozempic e Wegovy - comumente usados por pessoas com diabetes e agora, popularizados como alternativa para o emagrecimento rápido - se refletem em propostas indecorosas a influenciadores gordos de diferentes partes do mundo. Fico pensando: quem é que ainda não foi cooptado pelas cifras inimagináveis oferecidas pelas farmacêuticas responsáveis, a fim de popularizar os usos, em nome da saúde, da magreza e do bem-estar?

Uma rápida pesquisa em buscadores digitais revela que muito desse valor foi investido em propaganda, feita não apenas por influenciadores que abandonaram o discurso do "body positive" e abraçaram o "vale tudo para ter um corpo padrão - e 'saudável'", mas por grandes empresas de comunicação do mundo todo.

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Descrito como "a nova febre", "a nova moda", "a tendência" e até mesmo como um desafio "viral" em aplicativos como o TikTok, o medicamento Ozempic registrou, em 2023, um aumento de 44% nas vendas, com ganhos acumulados de 65% ao longo de 12 meses.

Confesso que é realmente difícil não ceder à tentação de um parcelamento no cartão de crédito para experimentar o milagre do corpo magro em pouco tempo, sem necessidade de uma cirurgia bariátrica e com o selo de verificação de moralidade de "pessoa magra" impresso no novo corpo. A mensagem é sedutora: em pouco tempo, o "corpo dos sonhos" sem a necessidade de processos mais longos, como dietas reguladas e exercícios físicos, que, sabemos por aqui, nem sempre trazem os resultados almejados por uma variante imensa de fatores.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) restringiu o uso do Ozempic na União Europeia devido a preocupações com o seu uso indevido para perda de peso.

Uma em cada oito pessoas adultas no mundo são gordas, segundo dados da World Obesity Federation (WOF), divulgados no último dia 4 de março pelo Bank of America (BofA).

Nós sabemos, claro, que o "aumento" de pessoas gordas no mundo soma-se a diversos fatores, como pandemia mundial da Covid-19, trabalhos em home office, acesso dificultado a alimentos orgânicos e saudáveis, excesso de agrotóxicos nas comidas, consumo desenfreado de ultra-processados, falta de tempo para prática de exercícios físicos, jornadas extenuantes de trabalho dentro de um contexto capitalista e colonizador, entre outros fatores como genética, DNA, doenças crônicas pré-existentes, etc.

A máxima do "é só se esforçar que você emagrece", com muito eco na cultura do coach e da meritocracia, é pura falácia. No entanto, quem ganha com uma sociedade cada vez mais gorda? Quem ganha com o consumo desenfreado de ultra-processados? Há uma economia que se movimenta através disso?

De acordo com a mesma pesquisa, na próxima década, mais de metade da população mundial terá excesso de peso ou obesidade e isso custará 3% do PIB global (U$ 4,3 bilhões de dólares - investimento inferior ao lucro da Ozempic que trago no primeiro parágrafo deste texto, vale lembrar), o equivalente aos gastos de saúde com a Covid-19.

Contudo, segundo o Banco de Investimentos, ao mesmo tempo em que "os dados seriam alarmantes", eles são também uma oportunidade de investimentos (claro que sim, por que não seriam?).

Conforme o artigo publicado no site Inteligência Financeira, isso ocorre porque as políticas públicas para "tentar conter os efeitos dessa tendência sobre o orçamento público" devem colocar empresas com iniciativas no setor cada vez mais em evidência.

Uma notícia desta quinta-feira (28), no jornal O Globo, informa que "Ozempic já reduz venda de alimentos em supermercados nos EUA". Imagina o colapso. No artigo, há a informação que um número cada vez maior de CEOs e investidores estão falando sobre como "os populares medicamentos para perda de peso podem mudar a economia e os negócios".

Estaria o medicamento ameaçado? Vamos ver!

Um dos supermercados mais conhecidos nos EUA, o Walmart está observando um impacto na demanda de medicamentos como Ozempic e Wegovy. A empresa analisa mudanças nos padrões de compra, comparando dados de........

© Estado de Minas


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