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Opinião | Democracia venezuelana à mesa

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Lá estão os Estados Unidos no Caribe, atacando embarcações acusadas de tráfico de drogas, bloqueando petroleiros venezuelanos. Tudo em nome de pressionar o governo autoritário de Nicolás Maduro. E a gente, vendo o jornal, já encara com impressionante naturalidade a crise política, a inflação gritante e a migração massiva da Venezuela. Desde Caracas, a visão deve ser bem diferente!

Certeza é, mas, como turista, é difícil entender. Para começo de conversa, entrar no país é uma prova de resistência: como não há voos diretos, é preciso fazer escala na Colômbia ou na Bolívia. Aterrizar é deparar-se com fotos de Edmundo González Urrutia (líder da oposição que teria ganhado as eleições presidenciais no ano passado) e a oferta de US$ 100 mil a quem der informações que levem à sua captura. Então, amarga-se a espera no controle migratório. Detalhe: quase não há fila, é mais uma rabugência para mostrar que o viajante não é exatamente bem-vindo.

Uma vez dentro, os celulares estão liberados, porém, aviso, as operadoras brasileiras, mesmo em seus planos América Latina ou Mundo, não incluem o destino. Por que enfrentar tudo isso? Pela escassez de notícias, no meu caso, gastronômicas. Afinal, mistério é dos melhores temperos!

Sorte grande, contei com Iván García como guia. Aos 31 anos, é uma promessa da culinária local. À frente do El Bosque Bistró há uma década, trabalha com mais de cem ingredientes de todo o território nacional, catalogados pelo projeto Kilómetro Venezuela.

A iniciativa dialoga com o conceito de quilômetro zero, usado na gastronomia para designar o consumo de produtos de origem próxima, sazonais e com menor impacto ambiental, fortalecendo produtores locais. No entanto, Iván propõe percorrer simbolicamente toda a Venezuela por meio da comida, reunindo........

© Estadão